TEOLOGIA

PARA O DIA-A-DIA

9 de março de 2017
O Valor da Mulher



Espero que vocês tenham um bom dia 8 de março, estimado dia para vocês. Não espero que tenham recebido flores e chocolates, mas respeito e valorização.

Certa vez, no facebook, recebi um vídeo que veio de encontro ao que eu estava estudando para a mensagem que ministraria. O vídeo me trouxe à memória estatísticas assustadoras de violência doméstica de mulheres no meio cristão. Mulheres que sofrem nas mãos dos seus maridos teoricamente crentes, e nada podem fazer, pois desejam ser “mulheres virtuosas”. Nessa data, dia Internacional da Mulher, lindas pregações são feitas falando como ser uma “mulher virtuosa”, mas hoje quero de forma rápida pensar e desafiar a nós, homens, a termos uma perspectiva correta do valor da mulher.

As Mulheres não são objetos ou animais, elas foram criadas por Deus não para satisfazer necessidades fisiológicas ou como escravas particulares. Elas refletem a imagem de um Deus vivo e por isso devem ser tratadas como tal. 1Timóteo 5:2 nos ensina a respeito de como devemos olhar para uma mulher: com toda a pureza. 

A palavra usada como advérbio de modo no texto deriva da mesma palavra que é usada para dizer o que o Senhor Deus é Santo, Santo, Santo (hagios). No Novo Testamento, a palavra exemplifica o conceito da purificação que é expressa na pureza moral que se exige no comportamento. Paulo então usa essa palavra para dizer: homens, tenham um olhar transformado por Deus ao olhar para as mulheres. Isso não só ensina o homem a não desenvolver pensamentos pecaminosos ao olhar as irmãs, mas nos ensina a olhar e perceber o valor imensurável que elas têm. 

Nosso olhar para com as mulheres é o mesmo que Deus exige em relação a Ele. Jesus no sermão do monte fala que os puros verão a Deus. Ele está dizendo que Deus é tão santo, que só contemplaremos a sua glória se nossos olhos estiverem conformados pela pureza. Da mesma forma, é em pureza que vemos o real valor da mulher, em toda pureza, reafirmando o quão dignas e preciosas elas são.

Todavia esse não é o único paralelo que podemos fazer entre os atributos de Deus e a dignidade feminina. Isaías 49:15, um texto muito conhecido, coloca o amor de Deus em paralelo com o amor materno; em Efésios 5.25 as mulheres são comparadas com a igreja de Cristo. O nosso amor por elas nunca se compara ao amor que elas podem desenvolver, entretanto o nosso amor pelas mulheres precisa almejar o padrão de Cristo com a sua Igreja. Um marido nunca deveria utilizar de sua autoridade ou força para ferir ou machucar sua esposa, antes deveria cuidar e protegê-la a ponto de entregar a sua vida por ela. 

Seja como mães, seja como esposas, seja como filhas, como donas de casa, como profissionais, as mulheres têm um valor inestimável. De que forma você tem olhado para as mulheres a sua volta? Elas não são propriedades, elas não são escravas, elas não são um ornamento para o ambiente, não são menores ou incapazes, não são apenas mães ou esposas, são Mulheres e precisamos olhá-las adequadamente, tratá-las com o devido valor. 

Da mesma forma, mulheres, tenham uma perspectiva apropriada de vocês mesmas. Não se enganem com a ideia de que ser diferente é ruim. Percebam-se de forma apropriada para melhor cumprirem com seu papel, para entenderem quem vocês são, para saberem como se portar. Seu valor está em ser imagem do Deus vivo, seu valor está em serem MULHERES.

Que tal conhecer as maravilhosas histórias das Mulheres da Genealogia de CristoSérie já disponível aqui no Implicações.




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16 de fevereiro de 2017
Quem é Deus?


“E Deus disse a Moisés: Eu Sou o que Sou. Disse mais:
Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós.” 
Êxodo 3.14

Em sociedades cuja preservação tradicional é acentuada, o nome de uma pessoa oferece informações sobre quem, de fato, a pessoa é. A nossa pergunta titular resgata essa questão: Quem é Deus[1]? Quais são os seus atributos. Num mundo de liberdades confeccionais será que a nossa resposta satisfará ao leitor? Claro que não. Nossa proposta e propósito, aqui, é pavimentar que nós estamos falando do Deus da Bíblia e é este livro que nos dá respostas básicas para a nossa pergunta. Obviamente, não estamos falando de deus tsonga, deus islâmico, deus budista ou outro qualquer.

As perguntas acima podem parecer, no primeiro momento, desnecessárias. São interessantes, porém. O Deus da Bíblia apresenta-se como Yahweh (Javé). Deus declarou esse nome a Moisés, quando lhe falou da sarça ardente que se consumia. Deus primeiro identificou-se como o Deus que tinha compromisso de aliança com os patriarcas (Gênesis 17.1-4). Moisés, entretanto, perguntou a Deus o que deveria dizer ao povo quando este quisesse saber qual era o Nome do seu mandante. Ora, os antigos supunham que a oração só seria respondida caso o nome do destinatário fosse nomeado corretamente. Deus responde a Moisés: “EU SOU O QUE SOU”, depois abreviou para “EU SOU”. O nome Javé soa como “Eu Sou” em hebraico. E Deus, finalmente, chamou-se a si mesmo como o “SENHOR, o Deus dos vossos pais” (Êxodo 3.15-16).

Pode-se dizer que o nome de Deus da Bíblia, em todas as suas formas, proclama a realidade eterna e soberana que se auto-sustenta e se auto-determina, ou seja, o seu modo sobrenatural de existência, que a sarça ardente representou (Êxodo 3.2). A sarça que não se consumia ilustrava a própria vida inesgotável de Deus. Ao designar “Javé” como “o meu nome eternamente” (Êxodo 3.15), Deus indicou que seu povo deveria sempre pensar nele como Rei vivo, poderoso e sempre reinando, rei que a sarça ardente o mostrava ser. 

É fato que é sempre bom remontar a Gênesis para saber quem é Deus, embora toda a Bíblia revele quem é Deus. O primeiro versículo da Bíblia diz que “no princípio criou Deus os céus e a terra”. Esta declaração sintética introduz os seis dias da atividade criadora. A verdade desse versículo magnífico foi afirmada com júbilo por poetas (Salmos 102.25) e profetas (Isaías 40.21). No princípio Deus. A Bíblia sempre toma por certo a existência de Deus único e verdadeiro e desqualifica a estaca zero os outros deuses. Embora todas as coisas tenham tido um começo, Deus sempre existiu (Salmo 90.2). No princípio (João 1.1-10) ressalta a obra de Cristo na criação, inicia com a mesma expressão. 

1. Deus único
Por que devemos adorar somente a Javé, o Deus Criador e não a outros deuses? A resposta mais óbvia é que Ele é o Deus vivo e sem começo nem fim. Todas as outras coisas são, na verdade, coisas mortas, quase sempre feitas por mãos humanas (Isaías 44.6-7). Javé é o criador de todos os elementos do mundo natural que os outros deuses representam (Gênesis 1.1-31). Ele é um Espírito vivo que dá vida (João 4.24; Atos 17.24-27). Os outros deuses são apenas produto de imaginação e da criatividade do ser humano (Jeremias 10:1-16; Atos 17.29).

Assim como os outros deuses, Javé inspira temor (Gênesis 28.16-17; Êxodo 3.6), mas isso não se deve ao fato de sujeitar os humanos aos seus próprios caprichos, como, infelizmente, acontece com outros deuses ridículos e incapazes – aliás, são sem vida. Nosso temor a Deus pode ser acompanhado de confiança (Salmos 40.4; Provérbios 14.26), porque Deus respeita as alianças que faz com seu povo (Deuteronômio 7.9; 2 Timóteo 2.13). Seu favor, diferentemente de outros deuses, não depende de receber oferendas ou sacrifícios. O que Ele deseja é uma conduta que o honre (Salmo 40.7-9). Embora se pareça com outros deuses ao administrar retribuição (Deuteronômio 7.10), distingue-se por sua natureza perdoadora e por sua disposição em salvar os que nele crêm (2 Crônicas 30.9 ).


2. Outros deuses (ridículos)
Quem são os outros deuses de que a Bíblia fala? São deuses de regiões geográficas em que a revelação bíblica foi comunicada: região da Mesopotâmia, Canaã e o Egito. Os israelitas estavam rodeados de culturas saturadas de politeísmo e, com freqüência, cediam à tentação de abandonar Javé para servir a esses deuses (cf., por exemplo, Juízes 2.10-12). Abraão teve de se separar das divindades mesopotâmicas, que, em geral, eram uma manifestação de poderes cósmicos. O sol, a lua e as estrelas eram deificados e adorados. Assim, quando Abraão e seus descendentes se estabeleceram em Canaã, depararam com os deuses da agricultura, entre eles baal, o deus do trovão, e Astarote, a deusa da fertilidade (Juizes 2.13). Os israelitas também passaram muito tempo no Egito, entre deuses muitas vezes apresentados em forma de animais. A decisão de fazer um bezerro de ouro provavelmente foi um reflexo da adoração ao deus Ápis, que tinha a forma de um touro, em Mênfis (Êxodo 32.1-4). Os escritores do Novo Testamento viveram no contexto de muitas divindades greco-romanas, como podemos ver na multidão que confunde Paulo e Barnabé com deuses (Atos 14.11-15) e na introdução do sermão de Paulo em Atenas (Atos 17.22-23). 

No Nordeste, principalmente nas cidades mais interioranas é forte a idolatria. É comum entrar na casa de alguém e se deparar com uma imagem, elas fazem parte da vida religiosa comum da sociedade. 

Geralmente em cidades onde se tem uma igreja pentecostal muito forte, o evangelismo torna-se complicado. A população, literalmente, fecha as portas na cara de qualquer pessoa que se apresenta como evangélica. Isso acontece pelo forte apelo e até muitas vezes apelo ofensivo que alguns cristãos fazem. Pois ao invés de aproveitarem as oportunidades para falar de Deus, gastam tempo discutindo a cerca de tal imagem, ou da fraqueza de tal santo e tantas outras coisas que vão de encontro com as crenças que levaram séculos sendo inculcadas nas mentes e corações das pessoas. Isso é como uma injeção contra o evangelho. Por apresentarem o evangelho de forma ofensiva repelem as pessoas de se aproximarem dele

Deus chama atenção do povo diante de sua necessidade, não gasta tempo mostrando o quanto os deuses deles são fracos e como são incapazes. Podemos ver isso em todo antigo testamento. Quando trata com gentios, Ele chama a atenção para a sua superioridade. 

Ele com toda autoridade se apresenta. Apresenta-se como único e suficiente, como o maior entre todos. AquEle que pode resolver, de fato, o problema.
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[1] O termo hebraico Elohim (que significa deus ou deuses ) foi um termo originalmente usado para referenciar deus ou deuses de regiões circunvizinhas de Israel. O nome verdadeiro de Deus, e com que Ele se identifica para Moisés é EU SOU O QUE SOU (Yahweh ou Javé). Porém, Moisés, ao escrever o Pentateuco, utilizou o nome Elohim para Yahweh, como uma forma de comunicar a existência de Deus do universo e não necessariamente tribal, como eram os deuses de outros povos.

NDJERAREOU, Abel, In ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo. Mundo Cristão. 2010

ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo. Mundo Cristão. 2010

BÍBLIA de Estudo de Genebra. 1º ed. Barueri, SP.Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo. Cultura Cristã. 1999

BÍBLIA de Estudo NVI / Organizador geral Kenneth Barker; coorganizadores Donald Burdick... (et al.). São Paulo. Editora Vida, 2003


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9 de fevereiro de 2017
Religião: diferenças entre o pensamento grego e cristão


Nos artigos anteriores podemos perceber existe uma diferença essencial na concepção grega e cristã de piedade. Obviamente que a influência grega pode ser claramente percebida no cristianismo, o qual se utiliza de seus fundamentos para resinificar o termo a partir de seus fundamentos, sem abandonar a perspectiva da cultura judaica.

Em ambos os casos a piedade é uma atitude que busca corresponder ao divino. Ela torna-se inútil se buscada com a motivação de medo ou pelo desejo de encontrar a graça divina. Além disso, ao mesmo tempo em que a graça não é a obediência das leis naturais ou das ordens de um deus, ela abrange submissão.

Uma relação que não pode passar despercebida, tanto nos discursos de Pedro e Paulo em Atos, quanto no diálogo de Sócrates com Êutifron, é que a piedade é intimamente ligada à justiça que conduzia o homem à salvação de suas imperfeições e falhas. Salvação que retrata uma vida melhor após a morte, de acordo com o comportamento adequado e dentro de preceitos religiosos: “Bem, é chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor rumo, se eu, se vós, é segredo para todos, menos para a divindade.” (PLATÃO, 1972, p.33).

A diferença fundamental está de onde parte o esforço da piedade. No pensamento socrático a piedade é claramente uma atividade humana que não busca o favor divino, mas que o reconhece. Na perspectiva cristã o homem é incapaz de alcançar o padrão da piedade, mesmo que o reconheça através da lei. A piedade, portanto, para o cristianismo é não é um movimento humano em direção aos deuses, mas um movimento do próprio deus em direção ao homem.

Neste movimento Iahweh torna-se homem, para em sua humanidade colocar-se e apresentar-se tanto como sacerdote, quanto como sacrifício. Sendo Iahweh, perfeito em sua humanidade (Jesus, o Cristo), ele é o maior de todos os sacerdotes e o sacrifício definitivo pelos pecados, falhas, incapacidade humana de viver em harmonia com o divino. Iahweh sustenta-se em sua justiça, as falhas humanas exigem punição, e uma punição adequada.

O cristianismo se apresenta como uma religião diferenciada das demais nesse aspecto. A figura dos sacrifícios para apaziguar a divindade é algo comum em toda cultura religiosa antiga, mas no Cristianismo o próprio deus se entrega como sacrifício para reafirmar a ordem e sua autoridade sobre o cosmos, e assim reestabelecer o seu relacionamento harmônico com a humanidade. A morte e ressurreição de Jesus, na perspectiva Cristã, é uma declaração do próprio Iahweh de que ele permanece soberano.

O cristianismo também traz a noção de vida após a morte, mas, diferente da cultura grega, não só admite, como também prevê que aqueles que são feitos piedosos pela divindade, serão ressuscitados em corpo material, da mesma maneira que Jesus o foi, segundo a tradição.

Dessa feita, no cristianismo, piedade/ religiosidade:
[...] descreve aquilo que está em harmonia com a constituição divina do universo moral. Daí, é aquilo que está de acordo com a ideia geral e instintiva de “direito”, “o que é consagrado e sancionado pela lei universal e consentimento” (Passow), antes do que algo que está de acordo com algum sistema de verdade revelada. (THAYER e TMV)”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 1985.
BURNET, John (ed.) Πλάτωνος Εὐθύφρων. 1903 Disponível em:< http://platoniki.ru/sites/default/files/library/euthypron10u.pdf >. Acesso em: 16 de dez. 2016.
COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário internacional de teologia. São Paulo: Vida Nova, 2000
Dicionário BDB, Thayer e TMV com números Strongs
ELLIS, E. E. The Gospel of Luke, NBC
JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. Tradução de A. M. Parreira São Paulo: Martins Fontes, 1995.
MONDOLFO, Rodolfo. Sócrates. Tradução de Lycurgo Gomes da Motta. São Paulo: Mestre Jou, 1999
PLATÃO, Êutifron, p.38, 43 Todas as citações da obra Êutifron foram retiradas da tradução de SANTOS (1993).
RAHLFS, Alfred (Ed.). Greek Old Testament, the Septuagint (LXX)
ROBINSON, Maurice A.; PIERPONT, William G. (Ed.) The Greek New Testament:
SHAPIRO, Rabi Ken. Alexandre e os Judeus Disponível em:< http://www.chabad.org.br/biblioteca/historias/hist232.html>. Acesso em: 16 de dez. 2016.

VERNAT, Jean-Pierre. Mito e Religião na Grécia Antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2009.


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